Um fármaco usado para tratar a asma é capaz de reduzir a formação de um peptídeo no cérebro envolvido no desenvolvimento do Alzheimer. A descoberta é de investigadores da Temple University, nos EUA, avança o portal Isaúde.

Em estudos anteriores, os investigadores descobriram que 5-lipoxigenase - uma enzima encontrada no cérebro - controla o estado de activação de gama-secretase, outra enzima que é necessária e responsável pela produção final do peptídeo beta amilóide. Quando produzido em excesso, p beta amilóide causa a morte neuronal e forma placas no cérebro. O montante destas placas amilóides no cérebro é usado como uma medida da gravidade da doença de Alzheimer.

O estudo

O líder da pesquisa, Domenico Pratico, e os seus colegas testaram o fármaco zileuton, um inibidor da 5-lipoxigenase normalmente usado para tratar a asma, num modelo transgénico de rato com doença de Alzheimer.
Os cientistas descobriram que a droga, ao bloquear a produção de 5-lipoxigenase, reduziu a formação de beta amilóide pela gama-secretase e a subsequente formação de placas amilóides no cérebro em mais de 50%.

"A gama-secretase está presente em todo o corpo e, apesar de seu papel no desenvolvimento de placas amilóides, desempenha um papel significativo em numerosas funções importantes. Inibidores directos da gama-secretase são conhecidos, mas bloquear a enzima completamente pode causar problemas como o desenvolvimento de cancro" , observa Pratico.

Diferentemente dos inibidores de gama secretase clássicos, zileuton apenas modula os níveis de expressão da proteína, que mantém algumas das suas funções vitais, enquanto bloqueia muitos de seus efeitos negativos, neste caso o desenvolvimento das placas amilóides.

Pratico e os seus colegas começaram a trabalhar com os investigadores em Moulder Templo do Centro de Investigação da descoberta da droga para criar inibidores mais potentes que podem direccionar 5-lipoxigenase no cérebro e aumentar a capacidade de reduzir a formação de placas amilóides e o desenvolvimento da doença de Alzheimer.

Como o zileuton já está aprovado, os investigadores já sabiam que a inibição da 5-lipoxigenase é uma meta aceitável que não está associada com toxicidade evidente e, portanto, não é prejudicial para os pacientes. A nova droga derivada pode assim avançar para testes clínicos com relativa facilidade.

"Esta droga já está no mercado e, mais importante, já está aprovada, assim você não precisa passar por um intenso processo de descoberta de drogas", diz Pratico. "Nós poderíamos então começar rapidamente um ensaio clínico para determinar se existe uma nova aplicação para esse medicamento contra uma nova doença".