Universidade investiga - Alzheimer do olho

Universidade investiga - Alzheimer do olho

DOENÇA DEGENERATIVA


Investigadores da Faculdade de Medicina de Coimbra, em colaboração com a Universidade de Tufts (Boston), desenvolveram um modelo animal geneticamente modificado que permite estudar e conhecer melhor os mecanismos ligados à degenerescência macular relacionada com a idade.
Esta doença degenerativa da mácula (área da retina responsável pela visão central), também conhecida como “Alzheimer do olho”, é a principal causa de cegueira na população com idade superior a 60 anos, segundo uma nota divulgada ontem pela Reitoria da Universidade de Coimbra.

Este estudo «é essencial para desenvolver terapias de prevenção e tratamento da degenerescência macular relacionada com a idade, patologia que surge devido a uma acumulação progressiva de proteínas lesadas por falência dos sistemas celulares de reparação e degradação proteicas».

Para obter o máximo de informação possível sobre a doença e assim descrever, estudar e compreender as suas causas, os investigadores introduziram no modelo animal transgénico «um mutante da proteína ubiquitina, que tem um papel essencial em diversos aspectos da regulação celular, incluindo a marcação de proteínas obsoletas que devem ser eliminadas», refere o comunicado.

«Durante o envelhecimento, os sistemas de marcação estão comprometidos, não conseguem marcar nem degradar estas proteínas», explicou à Lusa Paulo Pereira, investigador da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra.

Segundo o coordenador da investigação, «ao longo do envelhecimento há um conjunto de lixo biológico que se vai acumulando, ou seja, muitas proteínas tornam-se obsoletas e tóxicas» para as células.

«É, então, necessário assegurar que essas proteínas obsoletas sejam eliminadas de forma adequada através de uma espécie de triturador ou incinerador de lixo biológico», refere, na nota, o investigador na área da biologia celular.

Com o “doente” criado em laboratório ao longo dos últimos quatro anos, os investigadores estão a estudar, por um lado, «os processos que impedem a degradação das proteínas lesivas que conduzem à doença» e, por outro, a «conhecer melhor os mecanismos capazes de eliminar as proteínas obsoletas», adianta Paulo Pereira.

O próximo passo consistirá em «confirmar que é possível restabelecer a função destes sistemas de controlo de qualidade proteico» e «avançar para a definição de estratégias terapêuticas, não só farmacológicas mas essencialmente de origem genética».

O investigador observa que «um dos principais aspectos ligados ao envelhecimento é conhecer melhor os mecanismos de controlo de qualidade proteico, percebendo por que entram em falência».

Este conhecimento «é importante para esta doença» e «é provável que tenha impacto noutras doenças neurodegenerativas», adiantou o especialista no estudo de mecanismos moleculares e disfunção celular associados ao envelhecimento.

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