Hospitais portugueses gastaram 21 milhões para investigar doenças

Hospitais portugueses gastaram 21 milhões para investigar doenças


Conseguir diagnosticar a doença de Alzheimer o mais cedo possível. Este é um dos mais de cem projectos de investigação que estão a ser desenvolvidos nos Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC), uma das unidades de saúde que mais investe em Investigação e Desenvolvimento (I&D) em Portugal – quase dois milhões de euros em 2008 –, segundo um relatório do Ministério da Ciência e Tecnologia, citado pelo Diário de Notícias. Este valor é o suficiente para os HUC ficarem em quarto, numa lista liderada pelo Centro Hospitalar do Porto. No total, estes hospitais gastaram cerca de 21 milhões, mas os primeiros dez são responsáveis por 85% do investimento.

 

Para Pedro Monteiro, director da Unidade de I&D dos HUC, “é preciso investir mais”, porque só assim se consegue avançar na medicina. “Se os dez primeiros já estão próximos da média europeia, os restantes estão muito longe”. O cardiologista dá o exemplo da investigação na área do diagnóstico precoce de Alzheimer, em que os HUC são líderes a nível mundial, como um caso de sucesso, mas há mais de uma centena de projectos a decorrer e 20% do pessoal dos HUC dedica parte do seu tempo à investigação.

 

Mas o líder em Portugal é o Centro Hospitalar do Porto (CHP), com 157 projectos, para os quais foram canalizados 3,5 milhões de euros em 2008 e quantias semelhantes nos últimos dois anos. A aposta em I&D traduz-se na publicação de cerca de 200 artigos científicos por ano, explica.

 

A maior parte das verbas vem, no entanto, não do orçamento do hospital mas “da participação do CHP em estudos de investigação promovidos e financiados por entidades externas, nomeadamente ensaios clínicos”, que são patrocinados pelas farmacêuticas.

 

“Pagam-se a si próprios e contribuem para os outros projectos”, concorda fonte oficial do Hospital de São João, em sexto na lista de despesa em I&D. Um cenário que se repete em todas as instituições, acredita o presidente da Associação de Administradores Hospitalares, Pedro Lopes, incluindo na única privada na lista.

 

Assim, os ensaios, além de serem uma percentagem importante da I&D, são uma fonte de financiamento, já que grande parte do lucro é investido em I& D. “Cerca de 30% do nosso orçamento para investigação vem das verbas de ensaios clínicos, mas temos sido muito criativos, e mais de metade vem de privados”, diz Pedro Monteiro, dos HUC, ao DN.

 

Perder oportunidades nesta área, dos ensaios clínicos, devido à lentidão dos processos – como alertou a directora da Unidade de Cancro da Mama da Fundação Champalimaud, Fátima Cardoso – é “ preocupante”. E deixa em risco, também, o investimento na investigação.

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