Receita para ficar milionário

Receita para ficar milionário

Veja três opções para enriquecer na bolsa com 500, 1 000 ou 1 500 reais por mês


Pouco se falava em mercado de ações no Brasil quando o consultor de comércio exterior Rogério Rangel, de 42 anos, comprou sua primeira ação. Em 1986 eu era office-boy numa corretora de valores, lembra. Comprei um lote de ações da White Martins por ouvir sugestões nos corredores e depois nunca mais parei. Agora, Rogério vive a contagem regressiva para o seu primeiro milhão de reais. Já chegou à metade do caminho com sua disciplina para investir e, mesmo se parasse neste momento, fi caria milionário em cinco anos. No final dos anos 80, enriquecer com ações era algo que não passava pela cabeça do consultor. Os pregões eram muito menos acessíveis do que hoje. Mas o fato de trabalhar a poucos metros de uma mesa de operações foi o estímulo decisivo para que o carioca começasse a colocar seu dinheiro em ações. A conversa com os colegas despertou nele o fascínio para entender a lógica do mercado financeiro. Com a criação do homebroker, que permite a negociação de ações via internet desde 1999, Rogério decidiu que era hora de encarar a renda variável como uma segunda profissão.

A primeira providência que ele tomou foi dividir a sua carteira de ações da seguinte forma: 30% do seu patrimônio estão investidos em fundos de renda fixa e ele coloca os outros 70% do seu dinheiro em ações. Quando precisa de grana para um imprevisto de última hora, ele usa o dinheiro que tem aplicado na renda fixa. Sob hipótese alguma, Rogério saca o dinheiro de sua carteira de ações. Nem em momentos de crise. Nunquinha mesmo. A disciplina dele vai mais longe. Todas as noites, Rogério senta diante do computador e dedica algumas horas para acompanhar o mercado financeiro. Lê sobre as empresas das quais é acionista, compara as cotações e dá uma olhada nas notícias econômicas do país e do mundo.

Dificilmente ele mexe na carteira, e mantém distância da especulação. Na carteira dele estão papéis líquidos, ou seja, mais fáceis de vender, e com histórico sólido de rentabilidade (veja quadro Carteira Conservadora). Nada de IPOs (sigla em inglês para oferta inicial de ações) e apenas uma ação de segunda linha (menos negociada). A estratégia dele é perfeita, diz a consultora financeira Sandra Blanco, autora de Mulher Inteligente: Valoriza o Dinheiro, Pensa no Futuro e Investe (Ed. Qualitymark) e A Bolsa para Mulheres (Ed. Campus/Elsevier). Ele já acumulou um bom patrimônio e uma carteira conservadora o mantém mais protegido. Rogério tem 356 000 reais em ações e 152 000 reais em renda fixa.

Outra tática do carioca quase milionário é manter uma carteira enxuta com ações de apenas seis empresas. A lógica aqui é simples: com muitos papéis, ele não teria tempo para acompanhar o desempenho de cada companhia. E como ele escolhe as top six? Por afinidade. Do Bradesco, ele é investidor e cliente. Acho essencial o investidor pensar que comprar ações é comprar empresas, diz o consultor financeiro Jurandir Sell Macedo Jr., doutor em finanças do comportamento pela Universidade Federal de Santa Catarina. Se é acionista de uma determinada companhia, é importante comprar produtos dessa empresa. A idéia aqui é ter ações de organizações das quais você conhece o produto, a marca, a história e tem interesse de acompanhar os negócios.

A CAMINHO DO MILHÃO

Se você também pretende acumular 1 milhão é importante estar consciente que é preciso vencer um grande chavão: Nunca sobra dinheiro no mês. Ao invés de esperar que sobre dinheiro, estabeleça uma reserva mensal que será direcionada para os investimentos seja qual for a quantia. O importante é defi nir um valor factível que se encaixe no seu orçamento. Às vezes, vale até entrar no cheque especial uns meses para manter a disciplina de poupar (e para aprender que é preciso cortar despesas, sem dó, quando a conta não fecha por meses seguidos). Mas, lembre-se, investimento não é despesa, prefira reduzir as compras por impulso de roupas e artigos supérfluos do que diminuir ou deixar de fazer seus investimentos mensais.

Tomada essa decisão, o passo seguinte é escolher a estratégia certa. Mas como saber qual é a tática correta? A revista VOCÊ S/A pediu a três consultores que sugerissem uma estratégia para alcançar 1 milhão de reais a partir de um valor hipotético de aplicação mensal, no caso 500, 1 000 e 1 500 reais por mês. Foram acionados os especialistas Jurandir Sell Macedo Jr., Sandra Blanco e Augusto Sabóia, consultor da Associação Brasileira dos Planejadores Financeiros Pessoais (Abrafip) e dono da Sabóia Advisors, de São Paulo. Todas as projeções dos analistas tiram proveito do mercado de ações, sem a compra e venda direta de papéis. Eles preferiram caminhos alternativos às carteiras próprias, como fundos de ações e planos de previdência agressivos, ou seja, que aplicam também em renda variável, além da renda fixa. Os trajetos apresentam dados curiosos, como o plano agressivo que faz com que alguém que poupe 500 reais por mês chegue ao sonhado milhão antes de quem dispõe do dobro desse valor um típico exemplo do quanto sua exposição ao risco pode influenciar nos resultados de longo prazo. Confira:

R$ 500 - SE VOCÊ TEM 500 REAIS POR MÊS, OPTE POR UM FUNDO DE AÇÕES INDEXADO AO IBOVESPA

  Sandra Blanco: esqueça o curto prazo

Um investidor que não dorme tranqüilo quando tem dinheiro aplicado em ações vai levar mais de 30 anos para chegar ao primeiro milhão. Mas dá para encurtar o caminho, garante Sandra Blanco, consultora financeira, se você aceitar uma grande exposição à renda variável. O segredo é analisar o desempenho pensando no longo prazo, nunca no curto prazo, diz.

Crie uma carteira com 90% em ações e 10% em renda fixa. A estratégia é:
450 reais mensais para um fundo de ações indexado ao Ibovespa;
50 reais na caderneta de poupança.

Após cinco anos, seu patrimônio será:
de 56 400 reais no fundo de ações;
de 3 500 reais na poupança.

É hora de procurar um fundo com menor taxa de administração.

Após dez anos seu patrimônio será:
de 265 000 reais no fundo de ações;
de 8 500 reais na poupança.

Com mais de 90% em renda variável, saia da poupança e vá para um fundo DI ou multimercado. Faça assim:
245 000 reais continuam no fundo de ações;
28 500 reais no fundo DI.

A inflação foi de 5% ao ano e sem o Imposto de Renda você terá 1 milhão em 20 anos.

R$ 1 000 - SE VOCÊ TEM 1 000 REAIS POR MÊS, COMBINE TÍTULOS PÚBLICOS E PIBB

  Jurandir Sell Macedo Jr.: mantenha a disciplina

O consultor Jurandir Sell Macedo Jr. acredita que o sucesso de uma boa estratégia de investimento depende de disciplina. Seu plano é montar uma carteira agressiva, com grande exposição à renda variável, fazer depósitos mensais e esperar que o tempo faça a sua parte. É para quem não quer nem consegue acompanhar de perto o mercado de ações, explica.

Com 1 000 reais por mês, a sugestão de Jurandir é dividir as aplicações da seguinte forma:
Com 300 reais compre títulos do Tesouro Direto, via internet no site tesouro.gov.br. Os ideais são as NTN-B, que pagam juros fixos mais inflação. Para as projeções futuras, Jurandir prefere calcular a rentabilidade baseada na média histórica dos últimos cinco anos: 7% sem a inflação.
Aplique 700 reais em um PIBB, que é um fundo de investimentos cujas cotas são negociadas na bolsa de valores, como uma ação. O PIBB, nas projeções de Jurandir, vai render 12% ao ano, uma rentabilidade já descontada a inflação.

Após cinco anos, seu patrimônio será:
de 21 079 reais em títulos públicos;
de 54 570 reais no PIBB.

Depois de dez anos, seu patrimônio será:
de 50 941 reais em títulos públicos;
de 144 145 reais no PIBB.

Com uma inflação de 5% ao ano, em 24 anos e 8 meses seu patrimônio, já descontando o Imposto de Renda, será de 1 milhão de reais.

  Augusto Sabóia: prefira os produtos sofisticados

R$ 1 500 - SE VOCÊ TEM 1 500 REAIS POR MÊS, TIRE PROVEITOS FISCAIS DO PGBL

O caminho mais rápido para o primeiro milhão é, na opinião do consultor Augusto Sabóia, aplicar num produto sofisticado, que garanta uma rentabilidade mais alta no longo prazo. Assim, a sugestão é juntar um pouco de dinheiro antes de iniciar o plano.

Com 1 500 reais por mês, invista na renda fixa com rentabilidade média de 10% ao ano.
Em 12 meses seu patrimônio será de 18 964 reais.

Agora, comece aplicações mais sofisticadas. Transfira os recursos para um PGBL agressivo, que tenha a carteira formada por 49% de renda variável e 51% em renda fixa.
A rentabilidade média dos últimos cinco anos de uma aplicação com essas características, como o Icatu-Hartford 49, é de 30% ao ano.
Além da alta rentabilidade, Augusto chama atenção para um importante benefício do PGBL: a possibilidade de deduzir no Imposto de Renda o valor das aplicações até o limite de 12% da renda bruta anual. O melhor momento para aderir a um PGBL são os últimos meses do ano, quando encerra-se o prazo para usufruir o benefício fiscal.

Após cinco anos, você terá 167 279 reais. Depois de dez anos, seu patrimônio será de 575 000 reais.

Com uma inflação de 5% ao ano, em 14 anos e 2 meses seu patrimônio, já descontando o Imposto de Renda, será de 1 milhão de reais.

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